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TESOURO DIRETO ATRAI MAIS INVESTIDORES EM 2019

27 de março de 2019

Aplicar no Tesouro Direto, o programa de venda de títulos públicos pela internet, tem sido considerada uma estratégia para guardar o dinheiro de forma segura e, ao mesmo tempo, garantir bons retornos. Evidência disso foi o recorde no número de investidores ativos registrado nos primeiros dois meses do ano: foram 110 mil novos aplicadores ativos, atingindo o total de 896,3 mil pessoas ativas no programa. Ao todo, já são mais de 3,3 milhões de investidores cadastrados. Para se ter uma ideia do aumento na demanda, nos dois primeiros meses de 2018, foram registrados 15,6 mil novos investidores ativos, totalizando 581,4 mil pessoas com investimentos em títulos públicos e 1,9 milhão de aplicadores cadastrados.

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o instituto de pesquisa Datafolha mostrou que 50% das pessoas que investem em títulos públicos por meio do site foram motivadas pelo retorno da aplicação. A segurança aparece em segundo lugar entre as principais justificativas para a escolha, citada por 40% das pessoas. A facilidade foi apontada por 9%.

“Recentemente, temos visto um processo educacional maior, o investidor que sempre optou pela poupança, pela visão de segurança e facilidade, está migrando para o Tesouro Direto por ter a mesma sensação, mas com retornos maiores”, afirma Ronaldo Guimarães, sócio do Modalmais. Segundo o executivo, esse movimento é visto na própriacorretora, com a chegada de clientes recém-saídos da poupança que, em busca de estabilidade, escolhem os títulos públicos como investimento inicial.

Um estudo realizado pela corretora XP Investimentos mostrou que as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), conhecidas como Tesouro Selic por ter seu rendimento indexado pela taxa básica de juros, rendeu, líquido de impostos, 32% acima da poupança nos últimos três anos. O título geralmente é o mais procurado pelos investidores: em fevereiro, dos R$ 2,3 bilhões investidos no Tesouro, R$ 1,05 bilhão foi em LFTs. Mesmo já sendo o mais vendido no mesmo mês de 2018, a alta no montante aplicado foi de 90,4%.

Além do retorno mais alto do que a poupança, a percepção dos investidores de que o Tesouro Direto é uma aplicação segura é verdadeira, segundo Rubens Machado, executivo responsável por produtos de renda fixa no Grupo XP. “Algumas pessoas ainda têm aquela visão de que a poupança é o investimento mais seguro. Mas os títulos do Tesouro são garantidos pelo governo federal. Já a caderneta é garantida pelo banco emissor e pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC)”, afirma. Segundo o executivo, a chance de um governo “quebrar” é menor do que os riscos apresentados pelos bancos.

Ainda assim, a poupança é o investimento mais usado pelos brasileiros. Enquanto o estoque do Tesouro Direto em janeiro deste ano atingiu R$ 56 bilhões, a caderneta contabilizava, no mesmo mês, R$ 787,9 bilhões. Segundo a pesquisa da Anbima, porém, quem aplica na caderneta não busca retornos, mas sim comodidade e segurança, apontadas por 27% e 21% dos entrevistados, respectivamente. A rentabilidade do valor aplicado só foi considerada um motivo para a escolha da poupança por 5% dos seus investidores.

Para Machado, da XP, essa percepção dos investidores mostra que há um espaço para aplicações mais sofisticadas, como o próprio Tesouro Direto, entrarem no radar. “Com os juros mais baixos, os investidores querem produtos mais rentáveis. E as corretoras e bancos estão se esforçando para mostrar essas alternativas”, afirma. Recentemente, corretoras independentes e até bancos do varejo cortaram a taxa de corretagem para o Tesouro Direto.

Para Ana Leoni, superintendente de educação e informações técnicas da Anbima, essas ações de bancos e corretoras são importantes para incentivar as pessoas a “pouparem melhor”. “A poupança, no primeiro momento, é um instrumento educativo, mas depois precisamos fazer com que os investidores diversifiquem melhor seus portfólios e tenham ganhos maiores”, afirma.

Para Gabriel Sjlender dos Santos, gerente de renda fixa da Guide, a busca por retornos maiores é um caminho natural do investidor quando ele começa a diversificar seu portfólio. “O Tesouro Direto é justamente a porta de entrada após a poupança. E depois disso, o investidor vai migrando para outros ativos”, diz. A pesquisa da Anbima mostrou que tanto para fundos, como para títulos privados e ações, a principal justificativa do investidor são os retornos maiores, apontados por 34%, 42% e 62% dos investidores, respectivamente.

Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama, afirma que é preciso “criar uma cultura de investimentos no Brasil” e que, para isso, é preciso que a economia do país “continue estável”. “O investidor já está buscando mais alternativas, mas para isso se intensificar, ele precisa estar seguro para seguir em frente. Então, precisamos de um período longo de inflação baixa e de juros baixos, por exemplo”, afirma a executiva.

FONTE: Valor Econômico – Por Nathália Larghi

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