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SUPER MEI: PROJETO AMPLIA LIMITE DE FATURAMENTO E GERA EXPECTATIVA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS

17 de junho de 2025

Projeto busca atender microempreendedores com potencial de crescimento, ampliando o teto atual para R$ 140 mil.

O projeto que cria a figura do Super MEI voltou ao centro do debate no Congresso Nacional. A proposta, que estabelece uma nova faixa de enquadramento para microempreendedores individuais (MEIs) com faturamento anual de até R$ 140 mil e possibilidade de contratação de dois empregados, aguarda análise e votação pelos parlamentares.

Entidades que representam o setor de microcrédito têm pressionado o Legislativo para que a medida seja aprovada ainda em 2025, com início de vigência previsto para 2026.

Entidade do Sul cobra votação ainda neste ano

A Associação das Instituições de Microcrédito e Microfinanças da Região Sul do Brasil (AMCRED-SUL) formalizou, nesta semana, um ofício enviado aos parlamentares que integram o Fórum Parlamentar Catarinense. No documento, a entidade pede empenho e mobilização pela aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) que institui o Super MEI.

Segundo o presidente da AMCRED-SUL, Ivonei Barbiero, a aprovação do projeto terá efeito direto sobre o fortalecimento do empreendedorismo de base, em especial para o estado de Santa Catarina.

“Diante da importância estratégica desta proposta para a economia de Santa Catarina, solicitamos o máximo empenho dos componentes do Fórum Parlamentar Catarinense em apoiar e trabalhar pela aprovação deste projeto de lei complementar ainda nesta legislatura de 2025, permitindo sua aplicabilidade a partir de 2026”, destacou Barbiero.

Super MEI cria faixa intermediária de formalização

Atualmente, o regime do MEI permite o enquadramento de negócios com faturamento anual de até R$ 81 mil e a contratação de um único funcionário. O projeto do Super MEI amplia esse teto para R$ 140 mil anuais e autoriza a contratação de até dois empregados.

Outra alteração prevista no projeto é a contribuição previdenciária. Enquanto o MEI tradicional paga hoje 5% sobre o salário-mínimo ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Super MEI contribuiria com uma alíquota um pouco superior, de 8%.

A criação dessa nova faixa busca atender especialmente os microempreendedores que têm potencial de crescimento, mas acabam limitados pelo teto atual para não perderem o enquadramento simplificado e os benefícios tributários.

Limite atual trava expansão de negócios

A falta de atualização do teto de faturamento do MEI é uma das principais críticas do setor. O limite de R$ 81 mil permanece inalterado desde 2018, mesmo com os efeitos da inflação acumulada nos últimos anos.

Sem essa atualização, muitos empreendedores que expandem suas vendas são forçados a buscar soluções alternativas para não ultrapassar o limite. Entre as práticas mais comuns estão:

  • Limitar as vendas anuais para não perder o regime;
  • Abrir novos CNPJs em nome de familiares;
  • Permanecer na informalidade para evitar aumento expressivo da carga tributária.

A criação do Super MEI funcionaria como uma transição mais gradual, evitando que pequenos negócios saltem diretamente do MEI para o Simples Nacional, onde os encargos são significativamente maiores.

Impacto potencial para mais de 12 milhões de MEIs

Dados do Portal do Empreendedor apontam que o Brasil conta atualmente com mais de 12,2 milhões de microempreendedores individuais formalizados. A possibilidade de criação do Super MEI poderia beneficiar diretamente boa parte desses profissionais, que hoje enfrentam o dilema do limite de faturamento.

Para instituições de microcrédito e entidades de apoio ao empreendedorismo, o Super MEI também pode estimular o acesso ao crédito produtivo orientado, já que a formalização em patamar intermediário reduz o risco de inadimplência e amplia a capacidade de pagamento.

Apoio político ganha força no Congresso

A proposta do Super MEI vem sendo discutida no âmbito do Legislativo desde o início do ano. A senadora Ivete da Silveira (MDB/SC) é a autora do projeto e tem buscado apoio de diversas bancadas regionais e setoriais.

Parlamentares de estados com forte presença de pequenos negócios, como Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, têm reforçado a importância da medida para a manutenção e expansão de empregos formais, especialmente em segmentos como:

  • Comércio varejista;
  • Serviços de beleza e estética;
  • Alimentação e gastronomia;
  • Reparos e manutenção.

O projeto também conta com apoio de entidades como o Sebrae e federações do comércio.

Debate avança em meio ao cenário de juros elevados

A defesa da aprovação do Super MEI ocorre num contexto de juros ainda elevados, o que pressiona as condições de acesso a crédito e compromete o capital de giro de pequenos negócios.

Entidades do setor de microfinanças destacam que o crescimento do empreendedorismo por necessidade nos últimos anos elevou o número de MEIs, mas muitos já atingem o teto de faturamento e precisam de espaço regulatório para crescer sem serem penalizados com carga tributária excessiva.

A presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), também defende a aprovação do projeto:

“É preciso criar mecanismos que permitam aos pequenos empreendedores crescerem de forma sustentável, gerarem empregos e contribuírem com a economia formal, sem puni-los com tributos pesados no início da expansão dos negócios”, afirmou.

Ajustes no MEI fazem parte de agenda mais ampla

A discussão sobre o Super MEI se soma a outras propostas em análise no Congresso que visam revisar o modelo atual do MEI, entre elas:

  • Proposta de reajuste geral do teto de faturamento do MEI para R$ 130 mil anuais;
  • Atualizações periódicas do limite com base na inflação oficial (IPCA);
  • Simplificação de obrigações acessórias e redução do custo de formalização.

Especialistas apontam que essas reformas podem fortalecer ainda mais o regime do MEI como porta de entrada para a formalização, mantendo o equilíbrio entre estímulo ao empreendedorismo e sustentabilidade fiscal.

Próximos passos dependem da articulação política

A expectativa das entidades é de que o projeto seja votado ainda no segundo semestre de 2025, dentro do calendário legislativo. A tramitação exige análise pelas comissões permanentes do Senado e da Câmara dos Deputados, além de negociações com a equipe econômica do governo federal.

A aprovação do Super MEI poderá representar um novo capítulo na história da formalização dos pequenos negócios no Brasil, criando uma faixa intermediária que incentive o crescimento sustentável sem afastar o empreendedor da formalidade.

Com informações NSC

FONTE: CONTÁBEIS – POR JULIANA MORATTO

 

 

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