Reformas tributárias globais falham localmente. O Brasil precisa de uma solução única: Progressividade real, federalismo cooperativo e formalização inteligente. Repense os impostos!
I – Introdução
As reformas tributárias têm sido um tema recorrente na agenda econômica global, prometendo eficiência, equidade e crescimento. No entanto, a distância entre a teoria e a prática muitas vezes se revela um abismo intransponível. Esta resenha propõe uma análise crítica das tendências globais de reforma tributária, com foco especial no caso brasileiro, questionando a eficácia e a aplicabilidade dessas reformas em contextos diversos.
II -O mito da convergência global
A OCDE tem promovido ativamente a ideia de uma convergência global em direção a sistemas tributários “ideais”. Contudo, essa visão frequentemente ignora as disparidades econômicas e sociais entre nações. A redução generalizada de alíquotas corporativas, por exemplo, pode ser benéfica para economias avançadas, mas potencialmente prejudicial para países em desenvolvimento que dependem crucialmente dessa receita.
III -América Latina: O desafio da desigualdade
Na América Latina, incluindo o Brasil, as reformas tributárias enfrentam o desafio adicional de combatera desigualdade histórica. A região apresenta:
Nesse contexto, a simples importação de modelos da OCDE pode exacerbar, em vez de resolver, problemas estruturais.
IV – O caso brasileiro: Complexidade como sintoma, não causa
O sistema tributário brasileiro é notoriamente complexo, com mais de 60 tributos diferentes. No entanto, argumenta-se aqui que essa complexidade é um sintoma de problemas mais profundos, não sua causa principal. A complexidade reflete:
1.Federalismo fiscal desequilibrado;
2.Desigualdades regionais persistentes;
3.Conflitos de interesse entre grupos econômicos.
A simplificação, embora necessária, não é suficiente para abordar essas questões fundamentais.
V -Crítica às propostas atuais
As propostas de reforma no Brasil, como a unificação de impostos em um IVA, são passos na direção certa, mas insuficientes. Elas falham em:
VI -Uma visão alternativa
Propõe-se aqui uma abordagem mais holística e contextualizada:
VII – Considerações
As reformas tributárias são necessárias, mas devem ser pensadas além dos modelos padronizados da OCDE. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, precisa de uma abordagem que considere suas especificidades históricas, sociais e econômicas. Só assim poderemos construir um sistema tributário que não apenas arrecade eficientemente, mas também contribua para uma sociedade mais justa e sustentável. A verdadeira reforma não está apenas na simplificação ou na convergência com padrões internacionais, mas na coragem de repensar fundamentalmente o papel da tributação no desenvolvimento nacional. É hora de uma visão mais ousada e transformadora, que vá além dos ajustes incrementais e aborde as raízes da desigualdade e da ineficiência econômica.
FONTE: MIGALHAS – POR GUILHERME FONSECA FARO