Além da variedade de alíquotas, será preciso contemplar os estornos, cancelamentos e devoluções, o que adiciona ainda mais complexidade ao modelo, escreve Aline Lara
A jovem sonhadora, Reforma Tributária, seguia firme em seu propósito mesmo diante de todos os desafios.
Ela reuniu a família e, orgulhosa, apresentou um projeto que simplificaria a vida de todos, após muitas pesquisas em comunidades vizinhas. Estava convicta de que o novo modelo proporcionaria um ambiente de cooperação.
Agora, todos estavam animados, até o Pai, que inicialmente apresentava resistência.
O que ela não esperava era que a ajudante do lar, a Dona Cidade, estava ouvindo toda a conversa e resolveu participar.
– Vejo que vocês estão fazendo mudanças importantes por aqui, mas espero que não alterem a forma como me pagam. Prefiro continuar recebendo por diária e por tipo de serviço. Vocês sabem, o preço para lavar a roupa não é o mesmo para cozinhar e limpar os vidros. Além disso, não confio tanto assim no Sr. Governo para receber minha parte adiantada e depois repassar.
– E digo mais, não se esqueçam de que sou quem mantém essa casa habitável, se dependesse de vocês viraria um chiqueiro.
A família, que realmente não poderia viver sem a habilidosa e decidida Dona Cidade, concluiu que seria melhor pensar com calma sobre seus pleitos. Sem ela, o tão sonhado projeto não prosperaria.
A Dona Cidade, que era muito amiga de todos no condomínio onde a família morava, logo começou a espalhar o assunto. O síndico, Sr. Estado, quis saber um pouco mais sobre a mudança.
– Bom dia, Dona Cidade. Como vão às coisas? – Disse ele, já querendo mais informações sobre a fofoca que corria solta por lá.
– Sr. Estado, quanto tempo! Você sabe, não sou de fazer fofoca. Mas a verdade é que a família Brasil, da casa 27, está querendo fazer profundas mudanças na forma como arrecadam o dinheiro para custear as despesas gerais.
– Eu já disse a eles que, da minha parte, não posso mudar. Sinto muito. Preciso de autonomia, minhas contas não param de chegar lá em casa.
O Sr. Estado, preocupado com a criatividade da família Brasil, agradeceu as informações e foi logo investigar se as mudanças impactariam na arrecadação do condomínio.
– Boa tarde Sr. Governo. E esse tempo que não chove nem molha? Como está minha família preferida?
Começou ele.
O Sr. Governo que já imaginava receber a visita, seguiu o assunto.
– Acho que hoje chove. O tempo muito seco por aqui, não é mesmo?! Disse o Sr. Governo já antecipando a conversa.
– Verdade – Disse o síndico. – Aproveitando, quero parabenizar vocês pela iniciativa de melhorar a forma de arrecadação e pagamento das despesas por aqui. Soube que sua criativa e bondosa filha está querendo fazer uma profunda mudança.
– Entretanto, que fique claro que o valor do condomínio, água, gás e demais taxas devem permanecer sendo pagas diretamente a mim e com diferentes tipos de guias. Você sabe, meu velho amigo, preciso de autonomia. É muito difícil gerir e manter um condomínio tão grande e diverso como o nosso. Os nossos controles de receitas e gastos funcionam bem, não há por que mudar.
O Governo, já entendendo onde o Estado queria chegar, disse que levaria a situação à sua filha para que juntos encontrassem uma solução.
– Aproveitando, Sr. Governo, você poderia adiantar o valor do condomínio este mês? O registro da caixa d’água quebrou de novo e precisamos consertar. Uma lástima.
Neste momento, a Reforma Tributária chega e ouve parte da conversa. Ela percebeu que seu projeto estava ficando cada vez mais distante. Agora, teria a árdua tarefa de conciliar os interesses de seu Pai, o Governo Federal; de seu irmão, o Povo; de sua mãe, a Justiça; da Dona Cidade, a ajudante do lar; do síndico, o Sr. Estado; e até mesmo de sua irmãzinha, a Isenta.
O Pai, percebendo que poderia centralizar toda a arrecadação e assumir o controle da gestão dos recursos, decidiu apoiar a filha. Com um sorriso confiante, disse:
— Fique tranquila, minha querida. Vou ajudá-la a alcançar seu objetivo. Estamos juntos nessa!
Mal sabia ela que, no caminho para o futuro dos tributos, novas alianças e desafios inesperados aguardavam…
(continua… na série favorita dos tributaristas em 2024)
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.
FONTE: PORTAL DA REFORMA TRIBUTÁRIA – POR ALINE LARA