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HADDAD PROMETE ARCABOUÇO FISCAL EM ABRIL E REFORMA DO IR

18 de janeiro de 2023

Ministro faz discurso tranquilizador e conversa com investidores e governo saudita em Davos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os detalhes do novo arcabouço fiscal, que vai substituir o teto de gastos, deverá ser definido até abril. Haddad fez o comentário a jornalistas presentes em Davos, nos Alpes suíços, para cobertura do Fórum Econômico Mundial.

Haddad disse também que o governo pretende fazer uma reforma do Imposto de Renda no segundo semestre, logo depois da primeira fase da reforma tributária. Segundo ele, caso a reforma tributária seja aprovada logo, a do IR poderia começar logo em seguida.

Ele disse aos presentes que vai dar celeridade à reforma tributária e defendeu a proposta do economista Bernard Appy para a reforma. Appy integra a equipe econômica do governo como secretário especial para a reforma tributária.

“No segundo semestre, queremos votar reforma tributária sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres do imposto e onerar quem hoje não paga imposto”, disse. “Muita gente no Brasil não paga imposto. Precisamos reequilibrar o sistema tributário para melhorar a distribuição de renda.” A correção da tabela do IR, com isenção para quem ganha até R$ 5 mil, foi promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.

Haddad afirmou que os detalhes da reforma tributária sobre a renda que o governo pretende fazer no segundo semestre não estão definidos. Também não está definida, segundo ele, a taxação sobre lucros e dividendos.

À noite, em Brasília, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor de uma das propostas de reforma tributária, confirmou que a ideia é que o projeto seja “fatiado”, com a primeira etapa focada em impostos sobre o consumo e a segunda sobre renda.

Na manhã desta terça-feira, 17, Haddad se reuniu com o ministro de investimentos da Arábia Saudita, Al-Fahli, para discutir potenciais investimentos, sobretudo em concessões, no Brasil. Ele também esteve com Malloch Brown e Alexander Soros, filho de George Soros, do Open Society, e Ian Bremmer, da consultoria Eurasia.

Haddad participou de almoço oferecido pelo Itaú, no qual estiveram o presidente do banco, Milton Maluhy, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, o chairman do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, o governador do Pará, Helder Barbalho, executivos do Safra, McKinsey, Telefônica, além de José Auriemo Neto, da JHSF, Nizan Guanaes, da N Ideias, e investidores.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) também esteve no evento e disse a interlocutores que apoia a reforma tributária proposta pelo governo. Leite não conversou diretamente com o ministro.

Em um discurso tranquilizador no painel sobre o Brasil no Fórum Econômico Mundial, o ministro afirmou que o mercado financeiro já entendeu que o governo Lula será de estabilidade e previsibilidade. Ele reforçou que o plano é zerar o déficit do governo em dois anos.

“Não há como negar que a extrema direita se organizou no Brasil”, disse o ministro. “Eles ficaram muito chocados, mas entendem que trabalhamos para restabelecer a democracia.”

Haddad disse ter recebido apoio da comunidade internacional em relação aos atos golpistas do dia 8 de janeiro desde que chegou a Davos, na segunda-feira, 16.

De acordo com Haddad, Lula vai defender no G20 um discurso de paz, combate à desigualdade e à fome, além da estabilidade da democracia e a pauta ambiental.

Dividindo painel com o ministro da Fazenda, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse considerar emblemática sua presença e de Haddad em Davos. Segundo Marina, a candidatura do Brasil para sediar a COP30 em 2025 em Belém mostra o comprometimento do governo com a agenda ambiental. (Colaborou Larissa Garcia, de Brasília)

FONTE: Valor Econômico – Por Mônica Scaramuzzo — De Davos, Suíça

 

 

 

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