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DECRETO DO GOVERNO VAI ZERAR ATÉ 2028 IMPOSTO SOBRE COMPRA DE MOEDA ESTRANGEIRA

16 de março de 2022

Eliminação do IOF também deve tornar mais barato fazer compras com cartão de crédito no exterior. Objetivo, segundo Ministério da Economia, é alinhar o Brasil às diretrizes da OCDE.

O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira (15) decreto para reduzir a zero, até 2029, as alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) incidentes sobre operações de câmbio.

O decreto foi publicado na edição desta quarta-feira (16) do “Diário Oficial da União (DOU)”.

Segundo o Ministério da Economia, a redução será gradual e escalonada em oito anos. Atualmente, a alíquota do IOF sobre câmbio é de 6,38%. Para aquisição de moeda estrangeira em espécie, a taxação é menor, de 1,1%, e será zerada em 2028.

Com a medida, ficará mais barato para o brasileiro comprar moeda estrangeira, uma vez que o IOF é um tributo que incide sobre essas operações. Para compras no exterior, por meio do cartão de crédito, ou na aquisição de moeda para os cartões pré-pagos internacionais (carregados com dólares), a alíquota do IOF é de 6,38%. Na compra de moeda em espécie, é de 1,1%. Com a isenção até 2028, essa tributação deixará, gradualmente, de ser cobrada.

“O objetivo é alinhar o Brasil ao disposto no Código de Liberalização de Capitais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ao qual estamos em processo de adesão”, informou o Ministério da Economia.

Em janeiro, a OCDE, que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, aprovou convite formal para que o Brasil e outros cinco países iniciem as discussões de adesão à entidade.

Como será a redução

Os empréstimos de curto prazo (inferior a 180 dias) realizados no exterior terão IOF zerado já em 2022. Até então, essas operações eram taxadas em 6%.

A partir de 2023, a alíquota que incide sobre o uso de cartões de créditos no exterior vai reduzir um ponto percentual até 2027. Em 2028, será totalmente zerada. O cronograma fica assim:

2023: 6,38% para 5,38%

2024: 5,38% para 4,38%

2025: 4,38% para 3,38%

2026: 3,38% para 2,38%

2027: 2,38% para 1,38%

2028: 1,38% para zero

Para aquisição de moeda estrangeira em espécie, a taxação vai cair do atual 1,1% para zero apenas em 2028.

Nas demais operações, a taxa cobrada hoje é de 0,38%. O IOF só será zerado em 2029, último ano da transição.

De acordo com o Ministério da Economia, a renúncia fiscal será de R$19,1 bilhões entre os anos de 2023 e 2029. Como a redução será gradual, o impacto da medida vai crescer a cada ano, chegando a R$7,7 bilhões em 2029, quando todas as modalidades estarão zeradas.

O governo não precisa apresentar medidas para compensar essa perda na arrecadação porque o IOF é um tributo regulatório.

De acordo com o secretário de Política Econômica da pasta, Pedro Calhman, o governo poderá retomar a cobrança do IOF para conter possíveis instabilidades financeiras.

“O Brasil permanece tendo direito de usar esse instrumento para fins de estabilidade financeira, então caso haja uma situação em que o Brasil enxergue a necessidade de inserir IOF sobre operações cambiais por necessidades financeiras, ele tem a opção de fazer isso dentro das regras da OCDE”, disse o secretário.

OCDE

A decisão de zerar o IOF já tinha sido antecipada pelo ministro Paulo Guedes, em janeiro. “Aprovada a Lei Cambial, eu posso me comprometer com a redução da tributação do IOF, e assim fizemos – então, mandei uma carta à OCDE na semana passada. É um dos últimos dois requisitos que faltavam”, disse ele, na ocasião.

Para ingressar na OCDE, são necessárias a implementação de uma série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um “selo” de investimento que pode atrair investidores ao redor do globo.

A OCDE, com sede em Paris, reúne 38 países, a maioria economia desenvolvidas. Ela ainda é chamada de “clube dos ricos”, apesar de incluir vários emergentes, como a Colômbia ou a Costa Rica.

A organização é um fórum que discute e promove políticas públicas em várias áreas e realiza ainda uma série de estudos internacionais. Ser membro efetivo da OCDE é visto como um “selo de qualidade” que impulsionaria a economia dos países.

FONTE: G1 Economia – Por Alexandro Martello — Brasília

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