Foi oitavo aumento seguido dos juros. Copom informou que prevê redução do ritmo de ajuste da Selic na próxima reunião.
Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A Selic não ficava em dois dígitos desde julho de 2017.
“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o BC no comunicado.
A decisão veio em linha com o consenso do mercado, que era de elevação de 1,5 ponto percentual, conforme sinalizado pela autoridade monetária na reunião anterior, em dezembro. Na ocasião, a Selic foi elevada em 1,5 ponto, para 9,25% ao ano, e o colegiado afirmou no comunicado que antevia “outro ajuste da mesma magnitude” para o encontro de hoje.
Esta foi a oitava alta consecutiva da taxa básica de juros.
Em levantamento realizado pelo Valor na segunda-feira com 112 instituições financeiras e consultorias, foi unânime a expectativa de que a taxa Selic seria elevada nesta semana em 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% anuais.
Redução do ritmo de ajuste
O Copom afirmou que antevê redução do ritmo de ajuste da Selic na próxima reunião.
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros”, afirmou no comunicado.
“Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, disse.
O Copom enfatizou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.
A próxima reunião ocorre em 15 e 16 de março.
O Comitê reforçou que considera apropriado que o ciclo de aperto monetário avance “significativamente em território contracionista”.
“O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, reiterou.
Para o colegiado, “a decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023”.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, completou o comunicado.
Riscos para inflação
O Copom manteve a assimetria no balanço de riscos para a inflação, o que significa que as chances de a inflação superar o projetado são maiores do que as de ficar abaixo.
“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação e, portanto, a assimetria altista no balanço de riscos”, diz o comunicado.
“Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência.”
O colegiado continua a ver riscos tanto altistas quanto baixistas para as projeções de inflação.
“Uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário de referência”, afirma.
O colegiado cita o risco fiscal do lado negativo. “Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país.”
O Comitê ainda ressaltou que a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como principalmente nos itens associados à inflação subjacente.”
Em relação à atividade econômica brasileira, o colegiado destacou que indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os relativos ao mercado de trabalho.
Aperto monetário nos EUA
O Comitê afirmou ainda que o risco de um aperto monetário mais célere nos Estados Unidos poderia tornar as condições financeiras mais desafiadoras para as economias emergentes.
“No cenário externo, o ambiente segue menos favorável. A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes”, diz o comunicado.
O Copom também cita a evolução da pandemia. “A nova onda da covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção”, diz.
FONTE: Valor Econômico – Por Larissa Garcia e Alex Ribeiro