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RISCOS FISCAIS DE CURTO PRAZO SEGUEM ELEVADOS DEVIDO À PANDEMIA, OBSERVA BC

23 de março de 2021

Autoridade monetária reforça considerar adequado novo aumento de 0,75 ponto na taxa básica de juro em sua próxima reunião depois de alta da mesma magnitudade no encontro de março.

Apesar da recente aprovação de reformas importantes, que trarão benefícios no médio prazo, os riscos fiscais de curto prazo seguem elevados devido ao agravamento da pandemia, implicando um viés de alta nas projeções, destaca o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em ata divulgada nesta terça-feira referente a sua última reunião, realizada na semana passada. No encontro, a autoridade monetária elevou o juro básico em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano.

“Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando trajetória com elevação inicial dos juros superior à suposta no cenário básico”, diz o documento. Segundo o Copom, a alta de 0,75 da Selic na reunião passada, “mais célere” do que o esperado, “é compatível com o cumprimento da meta no horizonte relevante mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social”.

O colegiado reforçou considerar adequada para a sua próxima reunião uma nova alta de 0,75 ponto percentual da Selic. “O Comitê avaliou que, para a próxima reunião, seria adequada a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário, com outro ajuste da mesma magnitude”, traz a ata.

No entanto, o Copom também destacou que essa avaliação a respeito do próximo encontro “pode ser alterada caso haja uma mudança significativa nas projeções de inflação ou balanço de riscos”. Isso, porque, “em última instância, a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”.

Na avaliação do comitê, a pandemia atingiu de maneira heterogênea a ociosidade dos diferentes setores econômicos, e “programas governamentais de recomposição de renda levaram o setor de bens a operar com baixa ociosidade”, por exemplo. “O Copom avalia que os dados de atividade e do mercado do trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa do desemprego.”

A redução da ociosidade, diz o BC, foi “fruto do ritmo forte de crescimento dos últimos meses” e que indicadores de maior frequência sugerem que a recuperação consistente da economia se prolongou provavelmente até fevereiro, embora ressalte ser necessário olhar os dados com cautela. Além disso, “houve uma reversão das expectativas de inflação, que passaram a se situar na parte superior do intervalo de tolerância da meta para o ano de 2021 e ao redor da meta para o ano de 2022, os dois anos-calendário do horizonte relevante de política monetária”.

“Diversos membros também ressaltaram que as pressões inflacionárias observadas em 2021 podem contaminar as expectativas de inflação para 2022, gerando risco de uma desancoragem das expectativas no horizonte relevante de política monetária”, diz o comunicado.

De acordo com a ata, o comitê discutiu que a demora na normalização das cadeias produtivas, pressionando custos de produção e inflação em setores específicos, sugere que há também um choque positivo de demanda atuando.

“Consequentemente, os membros do Copom concluíram que o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário e que o Copom deveria iniciar um processo de normalização parcial da taxa de juros”, afirmou.

Sobre o cenário externo, o BC indica que a reprecificação de ativos nos mercados internacionais poderá tornar o ambiente “desafiador” para as economias emergentes. Segundo a ata, os avanços na vacinação, os novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos e a comunicação dos bancos centrais de que os estímulos monetários terão longa duração devem implicar crescimento econômico robusto durante o ano.

“Contudo, a discussão sobre ‘reflação’ tem causado aumento na volatilidade em alguns mercados”, afirma o comitê. “A evolução desse processo de reprecificação de importantes ativos financeiros pode tornar o ambiente para as economias emergentes mais desafiador.”

FONTE: Valor Econômico – Por Alex Ribeiro e Estevão Taiar, Valor — São Paulo

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